Spizaetus tyrannus, o Gavião Pega-macaco, é um grande predador alado das florestas do México à Argentina. Por ser um predador florestal, em nosso país, ganhou o apelido de "Pega macaco" por uma suposta predileção pela carne desses primatas. Tal fato, porém, não é totalmente comprovado pelos exames de conteúdos estomacais da espécie. Nesses exames, foram encontrados muitos morcegos, esquilos (caxinguelês) aves e poucos sauins. É perfeitamente possível e provável que capture pequenos primatas como sauins e saguis, mas é improvável que consiga capturar e levantar voo com, por exemplo, um macaco prego, que com certeza pesa mais de 5 Kg.!
Considerado como ameaçado em várias listas, porém, é ainda bastante encontrado em nossas florestas, podendo ser verificado na plataforma Wikiaves( www.wikiaves.com.br) que se trata da águia florestal com o maior número de registros no Brasil e nos mais diferentes tipos de formações florestais. Isso se deve ao fato de ser uma espécie adaptável a pequenas alterações no meio ambiente.
O habitat da espécie são as florestas altas. Na Floresta Atlântica, tem sido sendo bem registrada da Paraíba até o Rio Grande do Sul. Por essa razão, ficamos surpresos quando registramos esse Gavião sobrevoando baixo a rodovia do Sol, que liga Guarapari a Vitória, por volta das 11 hs. desse sábado dia 8 de julho de 2017. Trata-se da região enquadrada dentro dos limites do Parque Estadual Paulo César Vinha, área de restinga, com vários tipos de fitofisionomia vegetal que vão desde capinzais alagados a florestas com árvores de Clúsia e outras árvores, cuja altura raramente ultrapassam os 15 metros. Ou seja, são florestas baixas e teoricamente não condizentes com os hábitos desse Spizaetus, um caçador florestal habituado a perseguir presas entre as folhagens das árvores altas da copa até o sub-bosque. A própria aerodinâmica de seu corpo favorece as caçadas dentro da mata. As asas redondas e não muito largas são úteis para manobrar dentro da mata fechada onde são muitos os obstáculos de galhos e vegetação. E conta também com a ajuda de sua cauda longa, muito útil nessas manobras de perseguição de uma presa ágil dentro da mata fechada pois faz o trabalho de um leme, proporcionando agilidade para frenagens e mudanças de direção nas manobras quando a presa tenta escapar. A caçada que realiza é muito impressionante! Certa vez pude observa-lo inspecionar os galhos das copas das árvores voando sinuosamente, deslizando com enorme agilidade entre os diversos estratos procurando possíveis presas escondidas e, talvez daí advenha seu apelido de Pega-macaco! Com essas habilidades, esse gavião, com certeza, inúmeras vezes deve se deparar com as famílias de bugios, de sauás, macacos prego e outros primatas empoleirados nas árvores, que devem fazer uma "senhora" algazarra ao vê-lo caçar tão próximo. Não significa que tenha sucesso mas o barulho que os macacos devem fazer, certamente chama a atenção de pessoas próximas, sejam trabalhadores rurais ou quaisquer outras pessoas que virem a cena. Seja como for, o episódio ilustra o quanto ainda temos de estudar para conhecer bem os hábitos de nossas aves!
Foto ao lado: Encima temos um urubu de cabeça amarela, Cathartes burrovianus, e logo abaixo o Gavião.
Observem a diferença de tamanho entre os dois, lembrando que esse urubu mede comumente entre 55-65 cm.
Curiosidade: sempre desconfiei que ao planar próximo a urubus, a cor negra da plumagem é vantajosa para o Spizaetus pois pode protege-lo de caçadores e fazendeiros, que não o reconhecendo de imediato, também não o atacariam.
planando!
O bicho é muito bonito e majestoso!
Obrigado às pessoas que nos visitam.
Jsl.
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